A dependência química pode causar comorbidades psiquiátricas, um estudo da Secretaria do Estado de São Paulo, divulgada pelo Terra, aponta que metade dos dependentes químicos têm doenças psíquicas associadas:
“Foram analisados os perfis de 1,3 mil pacientes tratados nos últimos três anos na Unidade Estadual de Álcool e Drogas do Hospital Lacan, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Entre as mulheres, o percentual é ainda maior, 56% apresentaram doenças como depressão, bipolaridade e transtorno obsessivo-compulsivo. Entre os homens o índice foi 50,1%”
Uma dessas comorbidades possíveis é a esquizofrenia, que pode ser de difícil diagnóstico, já que se confunde com o efeito de algumas drogas.
O que é esquizofrenia?
A esquizofrenia é um transtorno mental que causa perda do do contato com a realidade. O indivíduo que é acometido por essa doença pode apresentar delírios e alucinações, sendo que os delírios estão no campo das ideias e as alucinações são fenômenos que podem ocorrer em projeções visuais, sensoriais e auditivas.
Uma entrevista no canal do Dr. Dráuzio Varella com o psiquiatra Rodrigo Bressan e professor da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) sobre esquizofrenia, explica a doença de maneira mais profunda. Confira: https://www.youtube.com/watch?time_continue=20&v=VsX7MnFY8JE&feature=emb_logo
Principais sintomas da esquizofrenia
Existem diferentes níveis da doença em uma pessoa com esquizofrenia, sendo assim também existem diferentes sintomas. Os mais conhecidos e retratados no cinema e na televisão são os sintomas as crises agudas de esquizofrenia, nas quais os indivíduos apresentam alucinações bem distantes da realidade.
Para além das alucinações e delírios, uma pessoa com esquizofrenia pode apresentar mudanças de comportamento como mudança na forma de se vestir, desorganização na fala, pensamentos fora de ordem, isolamento da família e amigos, retração da vida social e diminuição da vontade.
Outro sintoma bem comum é a síndrome de perseguição que pode se manifestar através de um forte achismo do indivíduo de uma perseguição, relatos de vozes que conta ou tramam a perseguição até a alucinação em si.
Relação da esquizofrenia com a dependência química
Pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, realizaram um estudo que ilustrou a relação entre a dependência química. “Os pesquisadores usaram dados de mais de 3 milhões de pessoas nascidas entre 1955 e 1999. Nessa turma, foram encontrados cerca de 200 mil casos de abuso de substâncias entorpecentes e 21 mil diagnósticos de esquizofrenia.”
A partir desse estudo os cientistas apresentaram a proporção de risco de desenvolvimento da doença a partir do exagero no uso de diferentes substâncias:
- Maconha – 5,2 vezes
- Álcool – 3,4 vezes
- Drogas alucinógenas – 1,9 vezes
- Sedativos – 1,7 vezes
- Anfetaminas – 1,24 vezes
- Outras substâncias – 2,8 vezes
A partir desse estudo, podemos observar como a dependência química pode levar ao desenvolvimento da esquizofrenia. Antes de experimentar uma droga, o dependente químico não tem como saber se ele está predisposto a ser acometido por uma comorbidade psiquiátrica, sendo assim ele enfrenta uma questão de “sorte”.
É importante salientar que mesmo não tendo parentes que apresentam esquizofrenia, uma pessoa pode apresentar uma constelação de genes que predispõem o desenvolvimento dessa doença.
Relação da esquizofrenia com a maconha
Quando é feito o recorte para a maconha em específico e a sua relação com a esquizofrenia, podemos ver a partir do estudo da Universidade de Copenhague que essa substância é a com maior proporção de risco. Ou seja, que tem mais potencial para desenvolver em um dependente químico a esquizofrenia.
Na entrevista com o Dr. Drauzio Varella, o Dr. Rodrigo Bressan comenta a relação da maconha com a esquizofrenia:
- A gente sabe que o uso de maconha antes dos 15 anos está associado a um risco aumentado 3 vezes de se desenvolver esquizofrenia da adolescência ou na vida adulta. Um gene específico que metaboliza uma enzima do córtex pré-frontal, chama coach, uma variação alélica desse gene está associada à 2,5 vezes mais chance. Quando você pega os indivíduos que têm o gene que predispõe mais o uso de maconha, ao invés de ser 3 mais 2,5, vira 10. Um potencializa o outro.”
O tratamento da esquizofrenia e da dependência química
É fundamental para o tratamento que a pessoa entenda que ela possui os dos transtornos mentais e que a família esteja lá para dar o suporte. As clínicas de recuperação podem ter um papel fundamental no tratamento, já que apresentam uma equipe multidisciplinar preparada para lidar com as duas questões: a dependência química e a esquizofrenia.
Além disso, proporcionam um ambiente seguro que irá acolher não só o dependente químico, como também a sua família. Precisa de ajuda ou quer saber mais sobre o tratamento para dependentes química e esquizofrenia em clínicas de recuperação? Entre em contato conosco, a Clínica Revive pode te ajudar!