É muito comum as pessoas buscarem remédios milagrosos para curar o vício de drogas, muitas vezes são enganadas e gastam muito dinheiro comprando remédios farmacológicos ou até mesmo fitoterápicos com a promessa de trazerem uma cura definitiva para a dependência química, porém existe um mal-entendido entre a questão da administração medicamentosa no tratamento da drogadição, a má notícia é que simplesmente não existe nenhum remédio que cure o viciado.
O tratamento farmacológico só apresenta bons resultados quando realizado em uma clínica de recuperação para vício de drogas, após avaliação do paciente por um médico especialista este prescreve determinadas medicações, se assim julgar necessário, para serem administradas no decorrer da internação como uma das ferramentas utilizadas na totalidade do tratamento, somente assim a farmacologia sustenta uma boa evolução do quadro clínico e psiquiátrico do paciente, observando ainda que um tratamento para dependentes de drogas em uma clínica de reabilitação é 80% direcionado sobre o acompanhamento psicológico e terapêutico de acordo com o perfil de cada interno, sendo a área médica e farmacológica contextualizada como fator de apoio na recuperação do dependente químico.
A função primordial do acompanhamento médico é justamente a avaliação do paciente, prescrição da medicação e acompanhar junto ao setor de enfermagem e farmácia do centro de tratamento a ação do efeito medicamentoso ao longo do período de internação observando se está ou não trazendo no dependente químico o efeito desejado.
Entendendo um pouco mais o tratamento farmacológico para dependência química
A farmacoterapia tem um papel importante no tratamento da dependência química, sendo que é complementar a outras atividades que tentam melhorar os aspectos da vida dos pacientes, através de uma equipe multidisciplinar. Desse modo, os tratamentos farmacológicos têm por finalidade prevenir ou atenuar a síndrome de abstinência, diminuir a fissura e atuar no tratamento das comorbidades advindas do abuso das drogas.
O desenvolvimento de tratamentos farmacológicos efetivos para os quadros de dependência química tem sido prejudicado pela deficiente compreensão das alterações bioquímicas que as substâncias psicoativas promovem no cérebro humano, assim como a relação entre essas alterações cerebrais e as modificações comportamentais
Diferentes farmacoterapias tem sido adotada para um mesmo vício. Dentre as classes de medicamentos mais utilizados estão os antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos. Muitos desses medicamentos mostraram uso off label, advindos de práticas clínicas, evidenciando assim a falta de estudos científicos mais robustos para o tratamento da dependência em drogas.
A farmacoterapia tradicional do tratamento da dependência química busca atingir os processos neurológicos afetados pelo abuso das substâncias psicoativas. Isso envolve o reforço positivo ao efeito das substâncias de abuso por buscar o bloqueio ou a redução da sensação de prazer das drogas ou pelo reforço negativo que visa amenizar as condições de abstinência, além do tratamento de intoxicações agudas. Além disso, outras abordagens farmacológicas têm como alvo as vulnerabilidades individuais do dependente, tais como déficit cognitivo, comorbidades psiquiátricas, entre outras.
Alguns neurotransmissores estão ligados ao processo de recompensa cerebral, como a dopamina e outros neurotransmissores incluindo opioides endógenos, ácido g-aminobutírico (GABA) e endocanabinoides. A identificação de processos incluindo esses neurotransmissores são essenciais para facilitar o desenvolvimento da farmacoterapia utilizada para as desordens causadas pelo uso abusivo das drogas, pois elas estão relacionadas a esse processo de recompensa cerebral.
A farmacoterapia é importante no tratamento da dependência, pois os medicamentos funcionam como adjuvantes de tratamentos psicossociais. O tratamento do uso abusivo de drogas vai depender do tipo específico de droga e a farmacoterapia utilizada, objetiva a gestão de síndromes de abstinência através da desintoxicação e atenuação do desejo em usar a droga (fissura), prevenção de recaída e redução de danos para o paciente.
Fármacos atuantes no reforço positivo
O reforço positivo pode ser definido como qualquer estímulo que aumente a probabilidade de volta a um comportamento anterior, normalmente envolvendo uma recompensa hedônica. Nesse tipo de abordagem utiliza-se fármacos cujos receptores são os mesmo que são estimulados pelas drogas de abuso, que por sua vez possuem ação mais longa e segura, possibilitando uma posologia controlada. Como exemplo podemos citar a metadona para a dependência de opioides e para tratamento de reposição de nicotina para tabagistas. Outro meio, é utilizar fármacos que aumentem a dopamina extracelular, como a dextroanfetamina, que aumenta a liberação de dopamina sináptica interrompendo o armazenamento da dopamina nas vesículas intracelulares e o metilfenidato, que como a cocaína e a metanfetamina aumentam os níveis de dopamina pelo mecanismo de inibição da recaptação de transportador de monoaminas, deixando essas moléculas mais disponíveis nas fendas sinápticas.
Podemos citar outros fármacos como a lisdexanfetamina e o modafinil que são estimulantes e que atuam como fracos transportadores da dopamina aumentando a concentração desses nas fendas, além de estimular os neurônios hipotalâmicos de orexina, reduzindo a liberação de GABA e aumentando a liberação de glutamato.
O medicamento Bupropiona atua como um inibidor da recaptação da dopamina sendo bem utilizada no tratamento de tabagistas.
O Dissulfiram e o Nepicastat são fármacos agonistas da dopamina por atuar como um inibidor da dopamina-b-hidrolilase, aumentando os níveis de dopamina. Esses fármacos são utilizados no tratamento do alcoolismo e para dependência da cocaína.
Outro meio de atuação dos fármacos é por ações antagonistas, que também agem nos mesmos neurotransmissores, porém atuam bloqueando os efeitos dessas substâncias. Exemplos de medicamentos como a naltrexona e buprenorfina são utilizadas para dependência de opioides e álcool.
Fármacos atuantes no reforço negativo
Mudanças neuro adaptativas afetam o sistema de recompensa durante uma crise de abstinência, fissuras e estados negativos de humor, causando alterações nos neurotransmissores como a dopamina, norepinefrina, fator liberador de corticotrofina (CRF), GABA e glutamato. Alguns fármacos como: antalarmina, metadona, buprenorfina, atuam como antagonistas desses receptores aliviando os sintomas de abstinência de opioides. A vareniclina reduz a abstinência da nicotina atenuando os estados de humor negativo provenientes da cessação.
Outras classes de fármacos também podem ser citadas para uso da farmacoterapia de tratamentos de drogas de abuso, compulsão por jogos, compras, sexual dentre outras, como fármacos antipsicóticos (clozapina, olanzapina, risperidona, aripiprazole, topiramato, dissulfiram e naltrexona), fármacos para transtornos de humor, depressão, TDAH e ansiedade, além de outros.
Farmacêutica Dra. Ana Laura Bonadio Grande CRF/SP: 86.503
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