Descubra os sinais do vício em jogos e os tratamentos eficazes. Saiba como identificar e superar o gaming disorder para recuperar o controle da sua vida.
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o Gaming Disorder ou vício em jogos (Transtorno por Jogos Eletrônicos) na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11).
Este marco legitimou uma preocupação crescente entre profissionais de saúde e famílias: o impacto profundo que o vício em jogos pode ter na saúde mental, nas relações sociais e no funcionamento geral de um indivíduo.
Compreender este transtorno não se trata de demonizar os games, mas de diferenciar o uso saudável do comportamento prejudicial, oferecendo caminhos para identificação e, principalmente, para a recuperação.
Entendendo o que é o Gaming Disorder
O diagnóstico desse vício em jogos eletrônicos é baseado em três critérios centrais, que devem ser evidentes por um período de pelo menos 12 meses, a menos que os sintomas sejam severos.
- Primeiro, há um prejuízo no controle sobre a atividade de jogo, onde a pessoa não consegue mais gerenciar o início, a frequência, a intensidade, a duração, o término ou o contexto em que joga.
- Em segundo lugar, observa-se uma elevação da prioridade dada aos jogos a ponto de eles se tornarem mais importantes do que outros interesses da vida e rotinas diárias.
- Por fim, e mais criticamente, existe a continuação ou escalada do comportamento apesar das consequências negativas. O indivíduo persiste em jogar intensamente mesmo ciente dos prejuízos significativos que isso está causando em sua vida pessoal, familiar, social, educacional ou ocupacional.
Este padrão é suficientemente severo para resultar em comprometimento marcante nas áreas de funcionamento pessoal, familiar, social e educacional. É fundamental distinguir este vício em jogos patológico do entusiasmo de um jogador passionista; a chave está no controle, no prejuízo e na persistência diante das consequências adversas.
Sinais e Sintomas: Como Reconhecer o Problema
Identificar um vício em jogos requer atenção a uma constelação de sinais comportamentais, emocionais e físicos. Comportamentalmente, a pessoa demonstra uma incapacidade crescente de parar de jogar, mesmo quando deseja.
Mentiras sobre o tempo real gasto nos jogos são frequentes, assim como o isolamento social progressivo, onde o indivíduo abandona hobbies anteriores e afasta-se de amigos e familiares para dedicar mais tempo ao universo virtual.
Além disso, a irritabilidade, agressividade ou extrema ansiedade quando impedido de jogar são reações comuns entre as pessoas acometidas por vício em jogos, assim como a negligência de responsabilidades básicas, como higiene pessoal, sono adequado, desempenho escolar ou profissional.
Impactos na Saúde e Bem-estar: Por que se preocupar?
As consequências de um vício em jogos não tratado se infiltram em todas as esferas da vida de um indivíduo, criando um ciclo vicioso de deterioração.
- Academicamente e profissionalmente, o desempenho cai drasticamente devido à falta de concentração, absentismo e priorização do jogo sobre obrigações.
- Financeiramente, o problema pode se agravar com gastos excessivos em microtransações dentro dos jogos (loot boxes, skins, personagens), levando a dívidas significativas.
- O custo social é profundo. Relacionamentos com familiares e amigos reais se desgastam, substituídos por conexões muitas vezes superficiais no ambiente online.
- O vício em jogos também impacta a saúde física, promovendo um estilo de vida sedentário que aumenta o risco de obesidade, problemas cardiovasculares e distúrbios musculoesqueléticos.
Abordagens de Tratamento na Clínica de Recuperação para Vício em Jogos
Reconhecer a necessidade de ajuda é o primeiro e mais corajoso passo. O tratamento para vício em jogos é mais eficaz quando é abrangente e multimodal, abordando não apenas o comportamento problemático, mas também as causas subjacentes e as consequências na vida do indivíduo.
Em uma clínica de recuperação especializada, como as credenciadas pela Revive, o processo começa com uma avaliação psiquiátrica e psicológica minuciosa para diagnosticar o transtorno e identificar quaisquer condições coexistentes, como depressão ou ansiedade.
- A psicoterapia individual, particularmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), é a espinha dorsal do tratamento. Ela ajuda o paciente a identificar os gatilhos emocionais que levam ao jogo compulsivo, desafiar pensamentos distorcidos sobre os games e desenvolver estratégias de enfrentamento mais saudáveis.
- O ambiente de internação oferece uma vantagem crucial: a abstinência controlada. Ao ser removido temporariamente dos gatilhos ambientais, o paciente pode quebrar o ciclo compulsivo e focar em sua recuperação, aprendendo a reestruturar sua rotina sem a centralidade dos jogos.
- O programa ideal também inclui terapia familiar, para reparar relacionamentos danificados e educar a família sobre como oferecer suporte, e atividades que promovam um estilo de vida saudável, como exercícios físicos e workshops de desenvolvimento de hobbies alternativos.
O objetivo final não é demonizar os games, mas restaurar o controle e o equilíbrio na vida da pessoa.
Conclusão
O Gaming Disorder é um transtorno real e sério, com o potencial de causar impactos profundos e duradouros. No entanto, é crucial enfatizar que a recuperação é não apenas possível, mas altamente provável com a intervenção adequada.
Ignorar os sinais ou minimizar o problema como uma "fase" ou "apenas um hobby" pode permitir que o vício em jogos se consolide, tornando a recuperação mais desafiadora. O caminho para restabelecer o equilíbrio começa com a conscientização, é seguido pela busca por informação qualificada e culmina na coragem de pedir ajuda.
A luta contra o vício em jogos não precisa ser travada sozinho. Se você identificou alguns desses sinais em sua vida ou na de alguém querido, é hora de buscar ajuda especializada.
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